segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Márcio César Teixeira Massignani - Poesias

SILÊNCIO
...”aos meus tempos de escura espera...”
O silêncio invade meu quarto,
A escuridão penetra meus olhos,
A solidão destrói meu corpo,
A agonia corrói o peito dos mortos.

São horas de desespero em vão,
É solitário o vil que morreu sem porque,
É invisível aos meus olhos tua paixão,
É impossível eu ainda ter você.

Sorriso triste me invade a alma inteira,
minha cripta esta escrita em sangue,
Rosa murcha, envelhecida, hoje foi embora...
Como é triste a lua que surge no céu.

É linda a névoa que cobre o mar,
O coração que minha alma abrange.

É triste a onda que nele surge,
É corrosivo o tempo de esperar ;
Sorrir ... sonhar..sofrer...desmaiar
Em pranto de escuro pensamento,
Vêm – me à lembrança, sem poder tocá-la !


SEM TÍTULO
O que fazes aí estrela solitária,
presa ao céu escuro, desorientada;
- Sou a última vela, última luz,
presa ao velório de Deus, a única acordada.

Mas tu és tão bela,
brilhas com tanta intensidade;
- É que o mar imenso me espera,
ao naufrágio de um amor, peço-te piedade.

Não se desculpe estrela errante ;
que haja uma saudade ainda presa,
tu aí , terás minha companhia estranha,
terás luz sobre minha escura mesa.

Se o mundo não te ama,
cabe ao desonrado poeta não amado,
uma última lágrima a desejar-te ;
um último beijo, que faça-o amaldiçoado!

Num suspiro morto e enterrado;
meus olhos já não podem ver-te;
diga a este que tu velas,
dá-lhe uma última lágrima! Contente!


NOITE DE SILENCIO
A noite é fria, calada,
Ruas desertas, nuvens negras,
Árvores feias, folhas secas
Venho uivando, rosa amaldiçoada ;

Minha triste vida foi arrancada ,
das minhas mãos, veias mortas...
A chuva alaga as feridas
podres da minh’alma abandonada.

Do coração a dor do amor,
A essência triste da dor,
deixa no ar o sussurro do silêncio,

O medo do tenebroso futuro,
que andamos rumo ao escuro,
e temo ainda meu coração sombrio !


INSANIDADE
Quando em noite de eternal doçura,
o poeta reclina o crânio ardente
num dormitar escuro e frio,
gemem as virgens do amor ausente.

O poeta que cansado da vida tristonha,
deixa no crepúsculo da vida o medo;
mas carrega no peito eternal vazio,
que nem o coração completa um peito amado.

Miserável que as noites sonha
tão alto quanto os céus;
dias e noites em busca de respostas;
- O que faço nesta terra meu Deus !?

Sou poeta, amo, desânimo é só o que sinto;
Meu coração sempre me deixa só;
Leve deste caixão o que resta;
- Não resta coração, nem amor, apenas pó !

foi tudo o que conquistei na vida,
transformar-me em nada, nem flor;
deixo para trás amores não vividos;
deixo a meu filho um’alma de dor.

Isto é ser poeta, nada mais !?
Isto é ser romântico, então é ser infame !?
A tudo que o poeta busca, solidão
É apenas o que encontra, morre a fome

Do pobre profeta, que se alimenta
do pranto na qual chora, se Cristo
morreu por nós nesta terra,
como o homem merece isso !?

Se o homem conquistou a liberdade,
se o julgam por maldade, morre altivo
o poeta que sobre a página feia que escreve
amores desiludidos, ainda do passado continua escravo !?

Diga-me alguma coisa santo Deus,
como pode a voz d’ uma mulher ferir-me a alma,
se o passado se apaga da memória,
quando chora o poeta, e diz que não a ama 1?

Agora sem rumo, sem crenças,
o poeta nesta terra já não pode viver ;
Então Deus se não pode me ouvir,
peço–te por orações, cubra meu caixão e deixa-me morrer.


HUMANO ORGULHO
Travado entre o dragão no humano orgulho
forma a complicação desse barulho ;
No célere caixão que ia, e nele, inclusas,
de aberratórias abstrações abstrusas !

Nesse caixão iam, talvez as musas,
as mais contraditórias e confusas ;
Mas o ramo fragílimo e venusto
há de crescer, há de tornar-se arbusto.

Quis compreender quebrando etéreis normas,
minha vida ignota e sofredora,
que por estes séculos passados, foi as formas
vermiculares do meu futuro que me assombrava.

Como meus olhos tentando apagar
da minha oriunda memória, vestígios
amargos da minh’alma imunda,
meus amores são perseguidos como fugitivos.

Palpando na treva escura minha consciência
perdida no cosmos do nada no universo ;
Esta mísera aberração da ciência
humana que não explica minha terrível dor !

O manto das nuvens que cobrem o céu,
cobre talvez meu corpo impuro ;
A lua que sobre o mar remete luz infortuna
há de fazer mal a minh’alma, ao meu pranto puro !

E neste futuro escuro e hediondo,
meu coração, há de apodrecer sozinho
no precipício fundo da minha subconsciência,
e a todos os idiotas ; e meu cérebro mesquinho.

E nesta noite, hei de calar meus gritos,
vou ao tântalo gemer o meu silêncio,
soltarei as correntes fortes que me prendem,
arrebentarei as grades do meu coração partido !


COMPAIXÃO PELA MINH’ ALMA
Meu sorriso é triste, como o vento
a noite no cemitério sombrio;
Minh’alma é depressiva, como o peito
ofegante de mãe...lágrimas e soluços, pelo filho morto.

A chuva cai em miúdas gotas como orvalho,
que no campo molha as plantas já secas ;
secas, assim, como o meu triste coração
que jaz dentro do peito, minhas mãos fracas,

palpam na treva tua face na escuridão.
O céu nevoente de negras nuvens infames ;
cortam os céus avermelhados da podridão,
que na minha mente impõem a maldita terra!

-Compaixão, compaixão! Oh! Deus salva-me
desta dor horrenda que meus nervos sentem ;
Desta vida que nem um sorrir me alegra-mata-me ;
-Mata-me, mata-me! Oh! Ser supremo do infinito.

Minh’alma é triste, como a andorinha no rio;
bebendo a última gota de água antes da morte;
Sinto-me já acabado, terminado, é tão frio ,
o cálice de fogo que foi minha mocidade.


NOITES DE LOUVOR
A noite desce dos céus,
cantando amores, aos eternos amantes;
Tão abençoados como o mar, os amores,
que nos templos do futuro morrem de saudades.

É outro mundo, além, as estrelas risonhas,
fazem-se de companhia à lua bela;
que ilumina as ondas dos ais do coração,
e embala a alma no cântico da donzela.

E por entre sonhos de infante,
chora e ri, como um poeta errante
faz de seus louvores e amores,
como faz a primavera com as flores.

E quando alta a noite no clarão,
sai cantando suas melodias de crianças ;
que no seio do amante, dorme sem temores,
com a mão no coração, e soltas as traças !


VISÕES DE MORTE
Minha morte é uma vaga visão,
uma nódoa sombria que surge nos sonhos meus,
Que me faz chorar e agonizar de saudade,
da vida morta que zombava da mocidade...

Hoje lágrimas de sangue me ardem os olhos,
como se fogo fosse, por toda a eternidade,
hei de sentir tanta dolorosa amargura ;
e, talvez, você seja minha última cura.

Amanhã restam-me da caveira o pó
que dentro da tumba o vento não levaria;
só para me ver sofrer mais nesta terra
onde habitam parasitas imundos...GUERRA !

-Silêncio, minh’alma vai volver ao nada,
pois quando voltar de sua jornada,
já não serei um poeta vigoroso
de faces róseas, serei apenas um invejoso,

daqueles que apodrecem no porão
qualquer de um cemitério imundo;
Serei somente cartilagem e pó,
um nada, um pobre poeta triste e só !

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