quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Plácida Teresa de Oliveira Martins - Poesias

SAPATINHO DO BEBÊ

Sapatinho do bebê
Tão macio...tão pequenino
Sapatinho da esperança
Sapatinho do menino...

O menino vai crescendo
E o mundo se apresenta...
Por onde pisará?...
Quando seu pé for quarenta!
Pisará a grama verde?
Pisará a areia do mar?
Pisará a areia do asfalto?
Só Deus sabe onde andará!

Quando o tempo for passado
E não mais existir a criança...
Pés de adulto, homem casado
Sapatinho da lembrança!



ROSÁRIO DE ANDORINHAS

Olhando o rosário de andorinhas
Se preparando para partir
Uma, a uma, lado a lado
Batendo as asas para voar

Voam em busca de outras paragens
Que as alimente e aqueça o coração
Com elas vão muitos sonhos...
Que não se realizaram neste verão.

Lá vão elas batendo as asas
Parecem dizer: até breve
Voltaremos no próximo verão
Deixando sua imagem nos meus olhos
E saudade no meu coração.


CHORO DE CRIANÇA

Ouço choro de criança
Ouço alguém a resmungar
Coisa boa é ser criança
Abrir a boca a chorar

Hoje a vida nos ensina
Não mostrar os sentimentos
Pois o mundo os abomina
Não entende os sofrimentos

Criança chora dizendo
- desculpe se fiz tolice
E eu choro de saudade
Do choro da meninice !


MENINO DE RUA

Tu vives atirado
Sem fé, sem esperança
Pela sociedade renegado
Teu direito de criança

Cada vez que eu te vejo
Me chama atenção
Te dou um trocado
Para comprares um pão

É o sol que te esquenta,
Teu teto é a lua
Percalço da vida
Menino de rua.


O TEMPO

Tudo passa nesta vida
A dor, a alegria, a tristeza
A mágoa, a mocidade e a beleza
A dor, torne-a mais leve
A alegria, vive-a pois é breve
A tristeza procure não senti-la
A mágoa não a carregues contigo

A mocidade passa como uma quimera
Jamais a teremos, quem dera !
O tempo vai passando como um sonho
Ao acordarmos já estamos de partida
Aí compreendemos que é preciso
Viver cada momento desta vida !



CHUVA NA MADRUGADA

Ouço o barulho da chuva devagarinho
Batendo com calma na minha vidraça
Parece até uma mensagem de carinho
Que vem até mim e me enlaça

Na fria madrugada que eu passo
Talvez a chuva pouco se demora
Não sentirei então o seu abraço
Nem pensarei na vida como penso agora

Mas a chuva bate forte, forte
Na janela deste triste quarto meu
Suas lágrimas correm então em minha lembrança
Porque ela chora muito mais que eu.


PRESENTE DIVINO

Presente divino
É ver o mar, suas ondas beijando a areia
É admirar a lua espreaiando seu clarão
E contar as estrelas
Sem nunca saber quantas são
É ter a dedicação de um carinho
É sentir junto o bater de um coração.

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